A Importância do Treinamento de Força e Potência na Corrida de Rua [corra + canse -] 5/5 (1)

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treino de força para corredores

A corrida de rua é uma das modalidades esportivas que mais cresceu em praticantes no Brasil nos últimos anos.

Isso se dá, na maioria das vezes, por ser uma modalidade de fácil praticabilidade, sem exigir gastos financeiros elevados, podendo ser praticada em áreas livres tais como praças, parques, ruas, etc.

É considerada uma modalidade democrática por permitir que várias pessoas pratiquem, sem distinção de sexo, idade ou condição social.

Pensando por esse lado, podemos então afirmar que, para correr, basta colocar roupas leves e calçar um par de tênis e pronto, tudo estará resolvido, não é mesmo?

Aí é que a maioria das pessoas se engana.

A corrida é uma modalidade esportiva que gera um elevado impacto nas articulações dos membros inferiores, impacto esse que gira em torno de três vezes o peso corporal do praticante.

Por esse motivo, é uma modalidade que pode provocar um alto índice de lesões ósteo-mio-articulares.

Um dos aspectos onde o treinamento de força adquire maior relevância é justamente na prevenção de lesões

Um programa de treinamento bem elaborado para corredores deve englobar o treinamento de força, com o objetivo de prevenir lesões nos membros inferiores decorrentes da prática desportiva.

E onde entra o treinamento de potência nesse caso?

Vários estudos já comprovaram a eficiência do treinamento de força e potência para corredores que buscam uma melhora de performance.

Essa melhora de performance se dá através da otimização da economia de corrida, ou seja, o quanto o atleta consegue correr determinada distância poupando energia, ou seja, gastando uma quantidade menor de energia.

É claro que a economia de corrida depende também de outros fatores, mas podemos dizer que o treinamento de força e potência vai gerar adaptações fisiológicas específicas, promovendo um ganho de performance, que nesse caso, podemos traduzir como a diminuição do tempo de prova para uma dada distância como, por exemplo, baixar o tempo de prova em uma prova de 10K.

FATORES QUE INFLUENCIAM A ECONOMIA DE CORRIDA

Economia de corrida pode ser definida como o dispêndio energético para uma dada velocidade submáxima (LIMA et al, 2010), ou seja, a quantidade de energia gasta em uma determinada velocidade.

Vários fatores influenciam na economia de corrida de um atleta, tais como idade, nível de treinamento, comprimento e frequência da passada, mecânica da corrida, etc., que são considerados fatores externos.

Outros fatores também devem ser levados em consideração, tais como a temperatura corporal durante a corrida, a ventilação pulmonar, o limiar anaeróbico e a frequência cardíaca, que são considerados fatores fisiológicos ou externos.

O treinamento de força e potência exerce influência positiva sobre a economia de corrida, a partir do momento que melhora alguns fatores específicos, tais como a melhora da capacidade de contração muscular, otimização da energia elástica armazenada no músculo, otimização da mecânica de corrida e das capacidades anaeróbicas do corredor.

O treinamento de potência tem por princípio aumentar a força explosiva de um determinado gesto motor, ou seja, a força aplicada em um gesto específico no menor espaço de tempo. A isso também damos o nome de taxa de desenvolvimento de força (TDF).

Quando pensamos em melhora de rendimento em uma determinada modalidade esportiva (no nosso caso, a corrida de rua), mais importante do que a quantidade de força que um atleta consegue desenvolver durante o treinamento, é o tempo em que essa força é aplicada no gesto motor específico.

O treinamento de potência tem como base o ciclo alongamento-encurtamento (CAE), que por sua vez tem como princípio fisiológico o acúmulo de energia elástica no tecido muscular e sua conversão em energia cinética.

Essa energia elástica se acumula no tecido muscular durante a fase excêntrica do movimento e se converte em energia cinética na fase concêntrica, caso a passagem de uma fase para outra seja feita de forma muito rápida. Se essa passagem da excêntrica para a concêntrica for lenta, a energia elástica acumulada se dissipa em forma de calor.

Isso ocorre de forma bem clara no caso dos saltos verticais, onde a fase de preparação para o salto é a fase excêntrica e fase de salto propriamente dita é a concêntrica. Transferindo a ideia para o gesto motor da corrida, podemos classificar esse movimento como sendo uma rápida sequência de saltos unilaterais.

O gesto motor da corrida pode ser dividido em três fases: fase de preparação, fase aérea e fase de aterrisagem.

Na fase de aterrisagem, onde ocorre a mudança de uma passada para outra, observamos a fase excêntrica do movimento em uma das pernas, acumulando energia elástica no músculo, sendo convertida em energia cinética na rápida mudança para a fase concêntrica (rápida extensão das articulações do membro inferior) para que o corpo do corredor seja projetado novamente para o alto e para a frente, conforme podemos analisar na foto abaixo:

influência do treino de força na posição do corpo ao correr

A completa análise do gesto de corrida já justifica a necessidade de se elaborar um adequado treinamento de potência para o atleta corredor, com o objetivo de melhorar a economia de corrida e, consequentemente, seu rendimento esportivo, na diminuição dos seus tempos de corrida em determinadas provas.

 

Autor do Post:
Prof. Ms. Leandro Carvalho
https://www.facebook.com/CoachLeandroCarvalho

 

Referências Bibliográficas:

PEREIRA, RHFA; LIMA, WP – Influência do Treinamento de Força na Economia de Corrida em Corredores de Endurance- Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.4, n.20, p 116-135, Mar/Abr 2010.

-Paavolainen L, Häkkinen K, Hämäläinen I, Numella A, Rusko K – Explosive-Strength Training Improves 5Km Running Time by Improving Running Economy and Muscle Power; J Appl Physiol 86: 1527-1533, 1999.

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