Uma Corrida de Rua 5/5 (7)

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Assim inicia-se mais uma corrida de rua de 10km:

inicio da corrida de rua

Chego uma hora antes e já vejo diversos corredores aquecendo.

Encontro alguns amigos e coloco a conversa em dia.

Trocamos algumas experiência de treino, um diz que está com uma dor no joelho, outro com uma lesão na panturrilha.

Eu digo que treinei menos do que eu gostaria (cada atleta com a sua desculpa pré-prova).

Começo a minha preparação: ajusto meu boné, checo o cronômetro e reforço a amarração dos tênis.

Vou para o aquecimento, encontro outros amigos das corridas. Trocamos algumas ideias e um incentiva o outro.

Continuo o aquecimento no meu ritmo, procuro correr um pouco sozinho para me concentrar… fujo um pouco da multidão.

A organização anuncia 10 min para a largada!

Procuro um banheiro, tomo um gole de água e vou em direção ao pórtico.

Me espremendo e buscando espaços vazios vou tentado ir cada vez mais para frente.

Dois minutos para a largada, zero o cronômetro.

O frio na barriga surge e se intensifica, um minuto para a largada.

Corredores eufóricos, muitos gritam palavras de incentivo, outros se concentram como se estivessem em uma partida de xadrez.

Dou uns pulinhos e mexo as penas para manter o aquecimento.

Faltam 15 segundos, como se fossem puxar um gatilho, os corredores posicionam os dedos no botão de start dos seus relógios.

A multidão coloca-se em ponto de prontidão.

Boooooooooo, a sirene toca e é dada a largada, aciono o meu relógio.

Começo a me mexer, tento me proteger dos empurrões e cotoveladas, vou buscando meu espaço.

Alguns corredores passam por mim como raios,ultrapasso outros que parecem que foram passear no meio da corrida.

O povo vai se espalhando e o passa ou repassa vai diminuindo, vou buscando o meu ritmo.

Marca de 1 km, mais lento do que o previsto, mas para o primeiro km é normal.

Começo a ultrapassar alguns empolgadinhos que dispararam como “raios” na largada.

Como é uma Corrida de rua

Fixo o alvo em um corredor e vou atrás dele, 2 km já se foram.

Tento manter o ritmo planejado. Me mantenho ao lado de um corredor por um tempo.

As primeiras subidas aparecem e alguns corredores começam a caminhar, mantenho o meu passo  firme e encaro  bem a primeira lomba.

Km 4, e as pernas respondem bem, aperto um pouco o ritmo para recuperar o tempo perdido no km 1.

Km 5, metade da prova, tento tomar um gole de água, molho a nuca. Aproveito uma leve descida  e faço força para manter o ritmo.

Km 6, alguns corredores já começam a se entregar.

Estou ofegante, e começo a luta contra a vozinha que manda diminuir o ritmo, resisto e digo para ela:“hoje vou correr para morte”.

Km 7, uma subidinha traiçoeira me desafia, olho para baixo e vou em frente: ela não vai me derrotar.

Finalmente chego no topo e a venço, mas o estrago foi grande, minhas pernas doem e o ar começa a faltar.

A próxima marcação de km nunca chega e este km parece ter o dobro de tamanho.

Km 8, o cansaço é grande e começo a desejar o final da prova, resisto a tentação de diminuir o ritmo, brigo com a minha mente para continuar.

Vou em frente: o próximo km está logo ali. . .

Km 9, sinto uma mistura de alívio e desespero. Por um lado é o último km, já por outro ainda falta mais um.

Me motivo mirando um corredor logo à frente, tento me aproximar ao máximo.

Menos de 500 metros, busco as últimas energias, lembro dos treinos intervalados:  é o meu recorde pessoal que está em jogo.

Não olho para trás, mas sinto que vem se aproximando alguém. . .

. . . 300 metros faltando e visualizo a linha de chegada.

Busco energia lá do fundo, não posso deixar que me ultrapassem, o corredor que estava na minha frente cruza a linha de chegada.

Tenho que chegar correndo forte, muitas pessoas vão estar me olhando, minha reputação de corredor está em jogo.

Últimos metros terríveis, parece que vou ter um troço… o cara atrás de mim vem forte…

Km 10, finalmente ultrapasso a linha de chegada, quase sem forças travo o meu cronômetro,  estou morrendo.

Começo a caminhar e confiro o meu tempo, mentalmente comemoro.

Bati meu recorde na distância! 🙂

Tento tomar água, o coração e a respiração ainda estão acelerados.

Vou me recuperando aos poucos, um amigo me pergunta como eu fui?

Faço um sinal de positivo.

Mente do corredor após completar a corrida de ruaMais uma corrida de rua completada, fico com uma leve depressão, penso agora que eu estava gostando da prova.

Me jogo no chão e sento como se fosse o lugar mais confortável do mundo, observo outros corredores chegando.

Tudo se acabou. Agora apenas penso:

Qual vai ser a próxima corrida?

Nós nos melhoramos com vitorias sobre nós mesmos. Competição deve existir e você deve vencer. Edward Gibbon

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4 Comments

  1. Narrou perfeitamente como a gente se sente durante s corrida . Aquela sensação d estou morrendo , não aguento mais aí olha e pensa só falta tanto . Agora não vou perder o ritmo e continua!!!!adorei !!! Comecei a correr há 1ano e gosto muito dos 5Km . Jâ estou correndo 8 e futuramente 10 !Pena q só descobri esse prazer aos 56 anos .Aprendendo c os filhos pois minha filha é excelente corredora e me arrastou p a primeira dali continuamos sempre juntas . Ela sempre na frente no auge dos seus 26 anos e eu perseguindo uma nova meta a cada corrida !!!!

  2. Rodolfo

    Obrigada pelo convite.

    Adorei participar dessa corrida com vc!!
    Hoje estava inscrita em uma corrida de rua que foi cancelada e estava sentindo muita falta. Rs.
    Vc conseguiu narrar exatamente a minha mente quando corro.
    Muito legal! Demais!!
    Fui curtindo cada quilômetro.
    Nada como ouvir quem me entende. Rs

    Valeu!!
    Obrigada por essa parceria na corrida de hoje.
    Foi genial!
    Agora já estou naquela fase onde espero a proximaaaa!!!

    Até.

    • Olá Regianne,

      legal que você tenha gostado desta corrida. 🙂

      Pena que a sua corrida rela foi cancelada, é muito chato isto, quebra um pouco a nossa motivação.
      Mas que nada o jeito é pensar em qual vai ser a próxima mesmo.

      Abraço e boas futuras corridas.

      Rodolfo

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